sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estudos brasileiros sobre laser e células-tronco são premiados pela WFLD



O estudo Laser phototherapy improves cell growth of human dental pulp stem cells, da doutoranda Leila Soares Ferreira e orientado pela professora Márcia Martins Marques, coordenadora do laboratório, ficou em primeiro lugar na 3ª edição do congresso da World Federation for Laser Dentistry – European Division (WFLD-ED), realizado entre 9 e 11 de junho em Roma, na Itália.

Segundo Marques, a apresentação no evento mostrou os primeiros resultados da pesquisa “Estudo do efeito da fototerapia com laser em baixa intensidade sobre células-tronco obtidas de polpa de dentes decíduos”, que conta com o apoio da FAPESP na categoria Auxílio à Pesquisa – Regular.

“Ficamos surpresos, pois esse trabalho está no início – começou há um ano – e levamos resultados apenas parciais. Mas foi um resultado muito gratificante”, disse à Agência FAPESP.

“O estudo consiste no uso da laserterapia em células-tronco de polpas dentárias humanas com vistas a seu futuro uso em regeneração tecidual – seja de dente decíduo ou permanente”, disse a pesquisadora. O objetivo da irradiação do laser será o de favorecer uma adaptação rápida das células-tronco cultivadas em laboratório quando implantadas no organismo.

“Atualmente, há duas possibilidades. Podemos fazer a fototerapia ainda na placa de cultura ou diretamente no tecido, no momento do implante. E o nosso objetivo futuro é utilizar o laser em regeneração tecidual em pacientes”, disse Marques.

Quando estão fora das condições normais de crescimento – ou seja, como seria no momento do implante –, as células-tronco apresentam redução na proliferação. “Mas, ao irradiarmos essas células com laser em baixa intensidade no protocolo ideal, foi possível fazer com que crescessem como se estivessem na melhor condição possível de cultivo”, explicou.

O procedimento poderá beneficiar, por exemplo, jovens com problemas em dentes cuja raiz ainda não tenha sido formada. “Nesses casos, a polpa dentária morre e a raiz para a sua formação, além de poder ocorrer a perda desse dente em quatro ou cinco anos. No futuro, poderemos repor essa polpa por um tecido formado em laboratório com células-tronco e a irradiação com laser poderá melhorar esse procedimento de implante”, indicou.

“Nesse aspecto, receberemos de 15 a 20 de agosto na FOUSP, também com apoio da FAPESP, o professor Shiwei Cai, do Departamento de Endodontia da Universidade do Texas, que irá apresentar palestra sobre ‘Regeneração tecidual em Endodontia’”, disse.

O outro trabalho, intitulado Effect of laserphototherapy (LPT) on prevention and treatment of chemo-induced mucosites in hamsters, ficou em segundo lugar durante o congresso da World Federation for Laser Dentistry – South American Division (WFLD-SAD), realizado nos dias 3 e 4 de junho em Belo Horizonte.

Trata-se dos resultados finais do projeto “Estudo pré-clínico da ação da fototerapia com laser em baixa intensidade (Ftlbi) na prevenção e reabilitação da mucosite quimioinduzida em hamsters”, de Talita Lopez, coordenado por Marques e que contou com apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Iniciação Científica.

O objetivo do estudo foi determinar o protocolo mais eficaz de irradiação do laser para o controle e tratamento de mucosite – inflamação que ocorre com frequência em pacientes submetidos a terapias oncológicas.

Para verificar a aplicabilidade da terapia, a pesquisadora explica que foram realizados testes in vivo, envolvendo a indução da mucosite em hamsters. Com o objetivo de verificar em que momento a irradiação teria melhor resposta no organismo, os testes foram divididos em três grupos.

No primeiro, a fototerapia foi aplicada antes do tratamento oncológico. No segundo, o laser foi usado somente após a quimioterapia. Já no último grupo, os animais receberam a laserterapia antes e depois da sessão quimioterápica.

“Dos três casos, observamos que o segundo grupo foi o que apresentou melhor resultado, tanto clínica como histologicamente, com índice de lesões menor do que nos outros dois”, apontou Marques.
O laser possui um efeito bioestimulador e de controle da inflamação. “Quando aplicado no organismo não evita que a lesão apareça. No entanto, quando surge, curiosamente, o paciente se queixa menos de dores”, disse a professora, cujo Laboratório de Pesquisa Básica atua em parceria com o Laboratório Especial de Laser em Odontologia da USP, onde a laserterapia é aplicada em humanos.

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