sábado, 15 de outubro de 2011

Reunião de Outubro de 2011 do GEMOOH-RN

ATA DE ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA DO GRUPO DE ESTUDO EM MEDICINA ORAL E ODONTOLOGIA HOSPITALAR DO RIO GRANDE DO NORTE

Ao 11º (décimo primeiro) dia do mês de outubro de 2011, às 19h, no Auditório do Conselho Regional de Odontologia – secção RN (CRO-RN), situado a Rua Cônego Leão Fernandes, 619, Petrópolis, Natal/RN, reuniram-se em Assembléia Geral Ordinária os membros da comissão de Medicina Oral e Odontologia Hospitalar do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte (MOOH-RN), profissionais e acadêmicos da área odontológica e demais interessados no tema, que figuram na lista de presença.

A presidente da comissão de MOOH-RN, Dra. Diana Rosado Lopes, abriu a sessão, tendo feito uma revisão sobre como a situação atual da Comissão e sobre a reunião anterior do Grupo de Estudos de Medicina Oral e Odontologia Hospitalar (GEMOOH-RN). A Dra. Maria Cecília Aguiar ficou como secretária, responsável pela redação da ata.

A reunião teve início com a leitura da pauta proposta pela comissão, tendo sido estabelecida uma ordem, de acordo com a conveniência dos assuntos a serem discutidos, como se segue:


(1) DOCUMENTO SOBRE A COMISSÃO DE MOOH

Já aprovado pelos membros da diretoria do CRO-RN (em assembléia) e pelos membros da Comissão de MOOH do CRO-RN.

O documento será enviado para:
I. Conselhos da área de saúde do RN
II. Conselhos de Odontologia dos outros estados
III. Hospitais públicos do RN
IV. Hospitais privados do RN
V. Secretarias de Saúde do RN e dos seus municípios
VI. Coordenação de cursos de saúde das Universidades do RN

O documento segue abaixo:

Ilustríssimo(a) Senhor(a):

O Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Norte (CRO/RN) vem, por meio deste documento, comunicar a instalação da COMISSÃO DE MEDICINA ORAL E ODONTOLOGIA HOSPITALAR DO CRO/RN, composta pelos Cirurgiões-Dentistas Diana Rosado Lopes (presidente), Maria Cecília Azevedo de Aguiar e Gentil Homem Filho.

A comissão supracitada tem como principal objetivo facilitar a inserção de Cirurgiões-Dentistas nos hospitais privados, públicos e filantrópicos de Natal, através de publicações científicas, discussões, palestras e postagens no blog “www.odontohospitalar.blogspot.com”. No entanto, a comissão visa também a capacitação de profissionais na área e o aprendizado através do GEMOOH (Grupo de Estudo em Medicina Oral e Odontologia Hospitalar) e cursos específicos.

Segue, em anexo, mais informações sobre o tema abordado no presente ofício.
Agradecemos a atenção e nos colocamos à disposição para maiores esclarecimentos.

Eimar Lopes de Oliveira, CD
PRESIDENTE


TEXTO ANEXO AO DOCUMENTO

Em 2004, foi fundada pela comissão de Medicina Oral e Odontologia Hospitalar (MOOH) do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul (CRO-RS), a Associação Brasileira de Odontologia Hospitalar (ABRAOH). De acordo com a presidente dessa Associação, Dra. Elaine Camargo, a Odontologia Hospitalar (OH) compreende os cuidados das alterações bucais que exigem intervenções de equipes multidisciplinares no atendimento de alta complexidade ao paciente. A doutora Elaine afirma também que, a Odontologia, especialidade da área da saúde, integrada ao hospital, permite melhor desempenho no compromisso de assistência ao paciente.

Com o apoio dessa associação, foi criado recentemente o Projeto de Lei 2776/2008, que torna obrigatória a participação do Cirurgião-Dentista (CD) nas equipes multiprofissionais das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e em outras áreas de clínicas e hospitais brasileiros, públicos e privados.

A OH apresenta quatro vertentes: cirúrgica, anatomopatológica, imaginológica e clínica, sendo uma das principais funções do CD em hospitais a prevenção de pneumonia aspirativa, que ocorre em 15% das admissões hospitalares e 25% de todas as infecções adquiridas em UTI.

Isso se deve, conforme a ABRAOH,  principalmente à higiene bucal inadequada na maioria dos hospitais, associada à diminuição da autolimpeza bucal, do fluxo salivar e da resposta imunológica do paciente, à desidratação da mucosa bucal e à microbiota diferenciada do ambiente hospitalar.

O Dr. Paulo Pimentel, presidente da Comissão de MOOH do CRO-RJ, cita os principais objetivos da presença diária do CD em hospitais: oferecer mais dignidade, conforto, qualidade de vida e de morte para o paciente, tratar focos agudos e oportunistas e prevenir infecções em outros órgãos e sistemas que prejudiquem o quadro clínico do paciente.

Esses objetivos demonstram grande relevância se confrontados com dados da literatura científica. Um recente estudo de revisão sistemática analisou a evidência de mudanças na saúde oral durante o processo de hospitalização e os dados sugerem importante deterioração da saúde oral após a internação, com maior acúmulo de biofilme dentário, inflamação gengival e deterioração da saúde da mucosa. (Terezakis et al. The impact of hospitalization on oral health: a systematic review. J Clin Periodontol 2011).

Tais achados corroboram com outras pesquisas. Em uma delas, foram examinados 82 pacientes hospitalizados e a maioria não apresentava boa higiene oral. (Neto et al. Oral health status among hospitalized patients. Int J Dent Hygiene 9, 2011; 21–29).

Em outro estudo epidemiológico, realizado com 205 pacientes distribuídos nos hospitais públicos de referência do município de Natal – RN (Onofre Lopes, Giselda Trigueiro e Monsenhor Walfredo Gurgel), observou-se que as condições de saúde bucal dos pacientes internados eram precárias, existindo grande acúmulo de biofilme dentário (placa bacteriana) e, conseqüentemente, um grande número de pacientes com sangramento gengival. (Lima e Roncalli. Fatores associados à condição de saúde bucal de pacientes internados em hospitais públicos do município de Natal-RN. Dissertação, 2007).

Considerando-se que a presença de biofilme dentário e de saburra lingual, de cáries e de doença periodontal são diretamente associados com a piora da saúde sistêmica e que, por outro lado, o prolongamento no tempo de internação pode aumentar a inflamação e o acúmulo de placa dentária, evidencia-se a inter-relação entre as saúdes bucal e sistêmica.

Além das publicações de pesquisas científicas nessa temática, há de se considerar casos de hospitais que já inseriram a odontologia hospitalar no quadro de serviços e apresentaram excelente resultados com os pacientes internados.

Um bom exemplo é o do Hospital das Clínicas da Universidade de SP (HCUSP-SP), hospital modelo no Brasil, que verificou redução de cinco dias notempo de internação de seus pacientes após seis meses de instituição do serviçoodontológico de rotina em suas UTIs. “A avaliação odontológica da condição oral e da higiene correta é fundamental para diminuir os riscos da pneumonia aspirativa, principalmente nos pacientes que apresentam disfagia ou que estejam fazendo uso da ventilação mecânica nas UTIs”, disse a Dra. Paula Peres, diretora da Divisão de Odontologia do local. 

Outra demonstração de sucesso de serviço de Odontologia Hospitalar é o Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês que, desde a sua inauguração, conta com o Departamento de Medicina Bucal, onde os pacientes submetidos à quimio e radioterapia podem ter os sintomas orais indesejáveis decorrentes dessas terapias prevenidos, tratados ou atenuados.

No RN, há muitos anos, existem CDs atuando em hospitais de uma forma tímida. Porém, essa realidade vem mudando e, aos poucos, temos mostrado a importância da presença desses profissionais em UTIs, apartamentos e centros-cirúrgicos, nos âmbitos privado e público, como parte integrante da equipe das especialidades da área da saúde no atendimento aos pacientes internados por períodos longos.


(2) CHECKLIST – segue abaixo a forma aprovada em assembléia:

FICHA DE SAÚDE BUCAL:

Nome: ..................................................................  Idade: .................................
Matrícula:.............................. Enfemaria:....................Leito: ............................

NO 1º DIA DE INTERNAÇÃO:
 a) Escova de dentes, creme e fio dental apropriados? (  ) sim (  ) não. Caso negativo, solicitar que a família providencie;
b) Soluções para bochecho antisséptico e lubrificação oral adequados? (  ) sim (  ) não. Caso negativo, solicitar que a família providencie;
c) Conhecimentos prévios de higiene oral? (  ) sim (  ) não.caso negativo, perguntar se gostaria de ter a visita do Cirurgião-Dentista para orientação e, assim que for possível e pertinente, realizar tal orientação;
d) Há impedimento motor ou dificuldade para o autocuidado? ( ) sim ( ) não
e) Paciente é usuário de prótese removível? (  ) sim  (  ) não
f) Quantos dentes o paciente possui? _____ 

A avaliação odontológica no hospital deve ser sugerida a família do paciente, como rotina ou ao mesmo sempre que um dos fatores abaixo estiverem marcados:


FICHA DE INSPEÇÃO VISUAL EXTRA ORAL (FACE OU AO REDOR DA MANDÍBULA) E INTRA ORAL:


Data: __/__/__
Data: __/__/__
Data: __/__/__
Data: __/__/__
Data: __/__/__
Data: __/__/__
Data: __/__/__
Data: __/__/__
Assimetria facial








Dor








Sangramento na boca








Dente
“mole”








Feridas ou vermelhidão








Mau hálito








Secreção atípica








Tártaro/
Cálculo
dentário








Acúmulo de placa
bacteriana








Dente
Quebrado ou “furado”

































(3) CICLO DE ATUALIZAÇÃO CLÍNICA EM MOSSORÓ

Os presentes foram lembrados ou avisados da realização deste evento nos dias 27 e 28 de outubro, com a participação da comissão de MOOH do CRO-RN na palestra “A Odontologia Hospitalar no Contexto da Odontologia Atual”.

O colega conselheiro do CRO-RN, Jaldir Cortez, comentou como têm funcionado os ciclos de atualizações ao longo do estado do RN, sobre as cidades em que ocorreu e sobre o foco de abranger também os profissionais técnicos da Odontologia.


(4) AULA DA DRA RENATA MONTEIRO SOARES: “Atendimento Odontológico no Hemocentro Dalton Cunha - HEMONORTE”

A Dra. Renata iniciou sua apresentação explicando que, enquanto funcionária do Estado, foi convidada a montar serviço específico sobre tratamento ao paciente coagulopata no HEMOCENTRO (centro de referência do Estado do RN de Hematologia e Hemoterapia).


Missão do HEMOCENTRO: Fornecer para a população do Rio Grande do Norte sangue com garantia de qualidade, assegurar o atendimento aos portadores de Hemopatias e contribuir para o ensino e pesquisa nas áreas de Hematologia e Hemoterapia.


A colega relatou que o sangue do HEMONORTE é de excelente qualidade e que inclusive o RN exporta plasma para a França. Citou os tipos de coagulopatias mais comuns no serviço e enfatizou que estes pacientes necessitam de cuidados odontológicos específicos. Além disso, a colega mostrou o Manual das Coagulopatias Hereditárias, disponível no site do Ministério da Saúde (MS), que está para ser atualizado em breve (ultima edição de 2005) e o manual específico para Odontologia do MS.

O serviço odontológico do Hemocentro existe há 14 anos, agora com duas Cirurgiãs-Dentistas, no mesmo prédio da Av. Alexandrino de Alencar, recebendo pacientes de todo o estado. A colega explicou como ocorrem os encaminhamentos: para a parte clínica, é necessário que o encaminhamento venha de uma unidade de atenção básica (ESF). Porem, caso o paciente já tenha diagnostico comprovado de coagulopatia, pode ser encaminhado diretamente para o serviço para tratamentos odontológicos.

A Dra Renata Mostrou casos clínicos, citando que sempre é importante enxergar de onde vem o sangramento, limpar a região, remover os coágulos mal-formados, de modo a resolver a situação; também citou custos de trabalho da Inglaterra e atualiza a situação do Brasil: tratamento “por demanda”, programas de doses domiciliares e programas de profilaxia; além disso, discorreu sobre os hemostáticos locais e sistêmicos utilizados no Hemonorte e sobre o projeto de educação permanente, com pais e pacientes. Por fim, foram explanadas as hemoglobinopatias, os pacientes anticoagulados e aqueles que necessitam de Transplante de Medula Óssea (TMO)

Encerraram-se assim os trabalhos, às 21h30min, ficando confirmada a data da próxima Assembléia Geral Ordinária para o dia 01 de NOVEMBRO de 2011, das 19 às 21h, com conferência científica prevista com a Dra. Érika Vidal Costa Rêgo, intitulada ”Atendimento Odontológico para o Paciente Cardiopata – Instituto do Coração (InCor – FMUSP)”

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